Capítulo 70 – Entre fugas e desolações
Mulan
escutou a respiração de alguém no quarto e seu coração se apertou. Ela estava
deitada em uma cama macia, porém seu corpo estava voltado para uma parede, de
forma que ela não viu quem dividia o espaço do aposento consigo.
Sua
mente estava em atividade frenética: pensava no duende, no acordo feito semanas
antes, no sonho, no pagamento exigido pelo líquido que destruía as orcruxes.
Matar
Harry. Em um segundo, a frase que pairava de um lado para outro de seu cérebro
passou a tomar conta dele todo.
Não
poderia mata-lo. Ela... Ela o amava. Quer quisesse admitir ou não, aquela era a
verdade. Apaixonara-se por aquele idiota paspalhão inconsequente e galanteador...
Mulan
voltou a si. As últimas palavras do duende retumbaram por seus ouvidos, altas e
claras: “Quando você acordar, à primeira visão de Harry, você o atacará
impiedosamente e o matará.”
Não.
Ela não poderia. Nunca, jamais. Mas... O que fazer?
“Você
precisa sair daqui, Mulan.” – pensou.
A
chinesa não se virou. Alguém ainda respirava, e ela não poderia se dar ao
descuido de arriscar ser Harry. Vagarosamente, ela escorregou para fora da
cama, arrependendo-se logo em seguida.
A
dor no abdome foi tão intensa que ela não conseguiu evitar arfar. Colocando uma
mão sobre a região, ela percebeu que estava enfaixada por baixo de uma camisola
fina de seda branca. Estranhamente não sentia frio, mas nada parecia fazer
sentido naquele instante. Não sabia onde estava, nem como chegara ali. A única
certeza que tinha em mente naquele instante era que não podia ver Harry de
jeito nenhum, e que precisava escapar para pensar com clareza em algum plano
que pudesse fazer com que o destino de seu amado mudasse.
Será
que Harry estaria por ali, naquele lugar? Ela não sabia, mas não poderia correr
o risco da incerteza.
Mulan
se levantou, sufocando alguns gemidos de dor. Ela apertou algum ponto de
pressão seu corpo para aliviar um pouco da dor e ergueu a coluna.
Observou
o pouco que podia olhar sem que pousasse os olhos em alguém que, sem dúvida,
estava a sua direita, deitado em outra cama.
Em
frente à cama onde estava deitada, havia um baú. Mulan foi até ele, abrindo-o
cautelosamente. Lá, roupas diversas estavam dispostas: vestidos, túnicas,
camisolas e camisas finas e... Uma calça de tecido reforçado e um majestoso
casaco azul e branco específico para neve.
Sem
hesitar, ela tirou silenciosamente a camisola e colocou as roupas que
selecionara.
Um
segundo depois, já estava fora do quarto.
Mulan
observou os arredores. Tudo parecia ser feito de gelo, porém nada era frio.
Encontrava-se em um corredor que dava uma volta circular, prosseguindo para
sabe-se lá onde, dos dois lados.
“Para
onde devo ir?”, pensou.
Resolveu
escolher sua direita. Até o momento, tudo se encontrava deserto, e o silêncio
era cortado apenas pelas batidas de seu coração. As botas fofas e quentes que
usava amorteciam o barulho de seus passos, e Mulan agradeceu por isso.
Ela
continuou andando por pouco tempo até que o corredor se abriu para um amplo
espaço que continha uma escada, a qual conduzia para um imenso e belíssimo
salão arredondado com decoração esplendorosa.
A
chinesa não conseguiu evitar que sua boca se abrisse por alguns poucos
segundos, até ouvir um conjunto de vozes que se elevava do andar de baixo,
abafadas, porém, por se encontrarem atrás de duas amplas portas do lado
esquerdo do salão.
Despertada
de seus devaneios, ela entrou em alerta. O salão abaixo parecia vazio, apesar
das vozes em outro cômodo perigosamente próximo. Ela reconheceu três das
quatro: Taylor, Louis e... Harry.
“Então,
é aí que você se meteu...”, pensou.
A
jovem já se preparava para voltar por onde viera, quando uma outra porta se abriu,
do lado direito do salão.
Mulan
se abaixou, escondendo-se atrás de um pilar, e observou quando um rapaz de
cabelos brancos e rosto simpático, que segurava um cajado, entrou no recinto.
Contudo,
não foi o desconhecido que lhe chamou a atenção. Não lhe importava o nome dele,
nem a cor de seu cabelo. Foi a paisagem recortada pela porta que encheu seu
coração de alivio: ela viu, claramente, a nevasca do lado de fora.
Aquela
passagem a levaria de volta às montanhas.
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-
Saldo da nossa missão de resgate: uma estátua de uma bruxa terrível, três
donzelas e uma vila inteira salvas... – começou Niall.
-
Um amigo cego e um espelho quebrado, que nos impede de reencontrar nossos
companheiros... – terminou Liam.
-
Valeu a pena?
-
Um grande poeta disse uma vez que tudo vale a pena, se a alma não é pequena. –
respondeu Liam ao amigo.
-
Ele deve ter razão... – o loiro continuou. – Mas por que me sinto péssimo?
Os
dois suspiraram. Estavam do lado de fora do hospital da vila, agora tão cheia
de vida com a quebra da maldição. Entretanto, apesar do sucesso de parte da
missão, não conseguiam parar de pensar em Zayn.
Uma
senhora saiu de dentro da pequena casa que funcionava como hospital, trazendo
notícias depois de pelo menos seis horas de “internação”.
-
Rapazes... – ela disse, os olhos baixos. – O médico de Príncipe Lanza disse que
fez o que podia para amenizar a dor de Zayn, mas que não há nada que ele possa
fazer quando ao fato...
-
De ele estar cego? – Disse Niall.
A
senhora abaixou a cabeça.
Niall
se levantou, irritadiço. Maldita Taylor! Não adiantava que estivesse vivendo um
destino terrível de morte lenta e claustrofóbica, aquilo não adiantava para seu
coração perder a raiva e o ódio que se entupiam em suas veias.
Ele
começou a andar rumo a uma parte do bosque, pisando duramente no chão.
-
Niall! – Liam o chamou.
Como
o amigo não respondeu, o fazendeiro cumprimentou a mulher com um aceno de
cabeça, agradecendo-a pela informação, e seguiu Niall.
A
senhora olhou os dois se afastarem até ficarem ocultos pelas árvores do bosque,
entristecida.
Voltou
para auxiliar o médico a cuidar de Zayn, só saindo alguns minutos mais tarde,
quando uma jovem mulher, de nome Marion, foi substituí-la em seu turno.
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-
Niall, acalme-se! – Liam, disse, exasperado, tentando alcançar o amigo que se
embrenhava cada vez mais pelo bosque. – Niall! NIALL!
Ao
ouvir o grito, Niall parou. Liam também parou, observando as costas do amigo.
-
Qual é o problema, Niall? – Liam disse, a voz mais calma.
O
loiro começou a responder em um tom bastante agressivo.
-
Qual o problema? QUAL O PROBLEMA?! O PROBLEMA É QUE, O TEMPO TODO, SOMOS
ATACADOS POR ESSAS BRUXAS NOJENTAS QUE ACHAM QUE O MUNDO É DELAS! SOMOS SERES
INSIGNIFICANTES QUE NÃO PASSAM DE MARIONETES NAS MÃOS DESSAS MALDITAS! ELAS
BRINCAM CONOSCO E, QUANDO SE CANSAM, NOS JOGAM FORA COMO SE O PESO DE NOSSAS
VIDAS FOSSE SEMELHANTE AO DE BONECAS DE PANO!
Liam
se assustou com o tom usado pelo amigo. Mesmo assim, ele caminhou vagarosamente
até ele, pondo a mão em seu ombro.
Quando
fez isso, lágrimas começaram a rolar pelos olhos de Niall e, em pouco tempo,
ele chorava tanto que chegava a soluçar.
-
Desculpe. – disse, entre lágrimas. – Você não tem nada a ver com isso.
-
De fato. – Liam respondeu. – Mas entendo perfeitamente como você se sente.
-
É só que... – Niall enxugou os olhos. – Parece que eu acabei de ter um choque
de realidade. Até há pouco, lutamos e nos ferimos, mas também vencemos, sem
danos significativos a qualquer um de nós... Mas então... Zayn... ele... – Niall
soluçou outra vez. – Desculpe.
-
Você é uma pessoa muito boa, Niall, e sei que seu coração puro ainda será
recompensado por carregar tanta bondade. – Liam disse, para reconforta-lo. – Não
precisa se envergonhar. Está chorando de raiva, frustração e tristeza, por
saber que seu amigo não recuperará mais a visão. Em seu coração, sei que
desejaria mil vezes que fosse você e não Zayn.
-
Foi só agora, Liam, que eu percebi que nós somos feitos de carne. Parecia que
nada poderia nos abalar.
-
E nada poderá, se não permitirmos.
Niall
sorriu.
-
Você está certo, como sempre. Mas, além de Zayn, temos ainda outro problema:
como faremos para nos reencontrarmos com Louis, Harry, Taylor, Gandalf e Mulan?
Não temos mais o espelho.
-
Isso é algo em que tenho pensado muito também, meu amigo.
-
Ah! Como eu queria voltar no tempo e pensar em outra forma com a qual poderíamos
ter salvado as princesas, Rapunzel e a vila, sem estar com Pe. Lanza murmurando
nos nossos ouvidos o quanto ele é maravilhoso e bravo por ter atordoado Taylor.
Uma forma com a qual pudéssemos ter evitado a cegueira de Zayn e ainda ter
mantido o espelho intacto!!! – Niall elevou a voz, voltando a ficar irritado, e
deu um chute no chão.
Nesse
instante, algo pequeno e dourado, com um barulho tilintante, voou na direção de
alguns arbustos adiante dos dois amigos.
-
O que foi aquilo? – Perguntou Liam.
-
Parece que eu chutei alguma coisa. – Niall franziu as sobrancelhas, abrindo
caminho rumo à direção dos arbustos.
Liam
o seguiu.
Niall
se abaixou no lugar onde vira o objeto cair e abriu a folhagem das plantas,
encontrando diante de si uma reluzente moeda dourada.
-
Mas o quê...?
-
Niall, o que é isso?
-
Parece... Parece uma moeda... De ouro!
-
Como é que é?
Niall
pegou a moeda e alisou-a com o dedo. Em seguida, ele a lambeu.
-
Definitivamente, é ouro.
-
Você sabe dizer se algo é de ouro pelo gosto? – indagou Liam.
-
Não seja bobo. – disse. – Eu sei pela coloração, pela textura e pelo peso. Todos
os irlandeses sabem.
-
Então por que você a lambeu?
-
Porque eu quis, ora.
Liam
fez uma careta, mas resolveu ignorar Niall.
-
Mas que sorte a nossa! Talvez, com essas moedas, consigamos alguns cavalos. Assim
poderemos alcançar mais depressa Louis, Taylor, Harry, Mulan e Gandalf.
-
NÃO! – Niall se exasperou de repente. – Não podemos fazer isso.
-
Hã? Por que não?
Niall
bufou.
-
Você definitivamente não é irlandês. Nunca ouviu falar dos duendes dos potes de
ouro no fim do arco-íris?
-
É claro que já ouvi. Mas isso é ridículo! Você não está pensando que...
-
É exatamente isso que estou pensando. Isso não nos pertence. Temos que devolver
ao seu verdadeiro dono.
-
Você só pode estar de brincadeira!
-
Liam! Não podemos pegar para nós! Não é nosso. Além disso, se não devolvermos,
os duendes podem ficar bravos conosco.
-
Oh, tudo bem então. Vamos devolver ao senhor duende, certo? Tem só um
probleminha: ELES NÃO EXISTEM!
-
Como você sabe?
-
Você está vendo algum duende por aqui, Niall? Aliás, você já viu algum duende
em toda a sua vida? – Liam perguntou, sarcástico.
-
Aposto que você também não acreditava magos, espelhos mágicos, enfim...
Liam
teve que ficar quieto. Aquele era um excelente argumento, por sinal.
-
Tá, mas então, se duendes realmente
existem, onde encontraríamos um pra devolver uma moeda que não sabemos nem há
quanto tempo pode estar aqui?
-
Simples. – Niall respondeu, sorrindo, se inclinando mais para frente e mexendo
em outras folhagens. Aos olhos de Liam, um segundo brilho dourado reluziu. –
Seguindo a trilha que ele acidentalmente deixou.
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Oi, gente, há quanto tempo, não?!
Nem sei se alguém ainda lê o que eu escrevo, mas, eis aqui a
continuação da história.
Perdoem-me pelo tempo que fiquei fora.
Pretendo voltar a postar regularmente.
Continuo com um comentário.
Bjs J
vc finalmente público ! n aguentava mais espera ! Continua logo , please !
ResponderExcluirAí meu deus, eu entrei no seu blog por acaso e BUM capítulo novo :3
ResponderExcluirContinue logo e não suma hein
Sdds sua fanfic! Aconteceu alguma coisa? Ta tudo bem com vc?
ExcluirSendo interesseira: poste logo!!! AHAHAHHAAH
Oi, Tália, tudo bem?
ExcluirEntão, tá muito difícil escrever ultimamente. Eu não tenho tempo e nem muita vontade, pra ser sincera, principalmente depois que o Zayn saiu da banda e tantas coisas mudaram, enfim...
Mesmo assim, estrou trabalhando nisso. Pretendo excluir esse blog em breve, mas postarei a história e a continuarei em outro que criarei, então não se preocupe, te aviso pelo face.
Como você está?
Bjs
Oi! Depois de muito tempo, quase um ano, eu estava fuçando os favoritos do meu computador e achei o seu blog! Que sdds que eu estava dessa fic!
ExcluirImagino que você acabou não continuando, mas fique sabendo que eu amava a sua fic! Queria saber o final.
Eu estou muito bem! Espero que você tambem! Nem sei se você vai ver isso! kkk
bjs
Oi, Tália! Deixei uma mensagem para você no próximo capítulo :)
ExcluirUm beijão e obrigada