Capítulo 63 - Separados
“Louis...”
“Louis...”
“Você não pode
me salvar.”
“Você não pode
me salvar.” – O rosto de Eleanor aparecia para ele, magro, cadavérico, pálido,
com olheiras profundas.
“Els! Não, eu
vou te salvar! Eu estou indo! Aguente firme!” – Ele dizia.
“Você não pode
me salvar.” – A voz dela não parecia a voz dela. Era como uma cobra sibilante
no final. Tinha algo macabro no tom que ela usava. Era um sussurro
amedrontador. – “Você falhou. É tarde demais.”
“Por quê? Els,
por quê?” – A voz dele implorava por uma resposta.
Ela de repente
sorriu, e a voz que saiu era de outra mulher. Louis tinha certeza que era a voz
de Flack, apesar de nunca tê-la ouvido.
“Por que eu já
estou morta.” – Foi a resposta. E então os olhos e o nariz de Eleanor começaram
a sangrar, e seu rosto ficou completamente vermelho. Ainda assim, ela sorria de
um deleite maléfico, e seus olhos... Seus olhos eram de desafio para ele.
Louis acordou de
um pulo. Sua cabeça estava pesada, e o jeito como se movimentara ao acordar fez
seu braço quebrado doer.
Ninguém estava
acordado ainda, com exceção de Gandalf.
- Ah, jovem
Louis... Vejo que estava tendo um pesadelo...
- É... – Louis
murmurou, um pouco mal-humorado, tentando afastar o terrível sonho de sua
cabeça.
- Quer falar
sobre ele? – Gandalf perguntou ao perceber o tormento que tomava conta dos
olhos de Louis.
- Não. – O cavaleiro
falou.
Ainda estava
escuro, e Louis se recostou novamente na árvore em que estava dormindo, para
tentar cochilar mais um pouco. Ele estava ferido e ainda um pouco fraco. Quanto
mais ele dormisse, melhor.
Entretanto,
enquanto se acomodava, seus olhos pousaram em Harry, que estava... abraçado com
Mulan? O quê?
Se a primeira
impressão de Louis foi uma surpresa, a segunda foi de dor. Ele não sabia se
Mulan estava gostando de Harry como ele já percebera que o amigo estava, mas
não foi por Harry que seu coração se apertou no peito.
Eles pareciam
tão em paz, tão serenos... E aquilo o lembrou de uma outra Eleanor que não a do
sonho. Da Els que passava as tardes escondida no jardim do palácio com ele. Que
o abraçava da mesma forma que aqueles dois pombinhos enquanto assistia ao
pôr-do-sol.
E agora ele já
nem sabia se a encontraria viva, ou se sobreviveria para encontra-la. Ou mesmo
se sairia vivo do conflito com Flack.
Foi pensando
em tudo isso que Louis pegou novamente no sono.
Ele não
conseguiu descansar.
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Mulan acordou
com uma sensação maravilhosa. Ela não se lembrava de ter dormido, mas sentia
que nunca descansara tanto na sua vida. Ela piscou várias vezes enquanto se
acostumava com a fraca luz que iluminava o acampamento. O dia ainda estava amanhecendo.
Deveria ser por volta de seis da manhã.
A princípio,
ela pensou ter se mexido, mas então percebeu que fora Harry. Ele também havia
dormido, obviamente. Mas a chinesa jamais imaginaria que teria sido abraçado a
ela.
Algo veio à
cabeça dela, de repente: Se os dois haviam dormido, quem vigiara o acampamento?
Ela se
esgueirou lentamente, para não acordar Harry, e olhou em volta. Todos dormiam,
exceto...
- Não se
preocupe! – Era a voz de Gandalf. – Harry me acordou por volta das duas horas.
Mulan primeiro
gelou, virando-se para a esquerda e vendo o dono da voz que a assustara.
Depois, ela ficou vermelha. Ela dormira inconscientemente abraçada a Harry e...
Alguém vira. Pelo menos tinha sido Gandalf. Mulan teve a ligeira impressão de
que Harry tivesse pensado naquele detalhe, o que fez sua concepção dele
melhorar ainda mais. Ele se preocupava com ela e respeitava sua discrição.
Gandalf
percebeu o conflito pela cor das bochechas da chinesa, e deu uma risadinha.
- Não se
preocupe... Ele queria te apoiar no tronco, mas eu pedi que a mantivesse
daquele jeito.
- Por quê? –
Ela indagou, um pouco petulante.
Gandalf riu
mais uma vez e sua resposta foi um olhar de divertimento.
- Por que acha
que deve interferir nisso?
- Ora, só
estou tentando facilitar as coisas.
- Não preciso
que facilite nada pra mim.
- Bom, se é o
que deseja... Não tem problema, então. O destino vai acabar fazendo isso de
qualquer forma.
- Não acredito
em destino.
- Depois de
tudo o que você tem visto e passado, pensei que acreditaria em mais coisas.
Mulan cerrou
os olhos e encarou Gandalf fatalmente.
Ele apenas riu
como resposta.
Mulan empinou
o nariz e tentou parecer no controle da situação. Ela odiava ser desafiada
daquele jeito.
- Duvido que
ele ainda sinta algo por mim. Agora sabe que eu sou casada...
- Foi casada...
- Não
importa... – Ela retrucou.
- Se eu
conheço bem Harry, ele não parece o tipo de homem que se incomoda em sair com
uma mulher casada.
Mulan sentiu
que perdera aquele argumento. É... Gandalf estava certo quanto àquilo.
Ela então
tirou uma corrente de dentro da sua roupa. Como “pingente”, estava seu anel de
casamento. Ela o mostrou a Gandalf.
- Mas eu me
incomodo.
- Com quem?
Você mesma? – Ele a encurralou. Mulan não tinha mais o que falar. Ela sustentou
o olhar do mago até ele continuar. – Shang ia querer que você ficasse feliz,
como você quereria o mesmo para ele.
- Como você
sabe o nome dele? Como sabe de tudo isso?
- Eu
basicamente não durmo muito, minha cara. E você pelo jeito também não. Observei
você noite passada em minha casa. Inquieta, sem sono...
- Você não me
conhece há tempo suficiente para avaliar meu sono.
- Ah, de fato,
você está certa. Mas posso avaliar outra coisa que ninguém precisa me dizer
para que eu saiba.
- E o que
seria?
- Quando foi a
última vez que não chorou ao ouvir o nome “Shang”?
Mulan abriu a
boca para retrucar, mas calou-se quando as palavras de repente fizeram sentido
em sua cabeça. Ela havia falado que era casada, e havia ouvido o nome Shang
duas vezes. E, pela primeira vez desde que o perdera, ela não chorara.
Um turbilhão
de sentimentos a invadiu naquele momento. Surpresa, por não ter derramado uma
única lágrima. Raiva, por Gandalf estar certo. Culpa, por... Por sentir que
falhara com Shang ao... ao não sentir tristeza quando ouviu seu nome.
Ela franziu as
sobrancelhas e seu olhar para o mago era de pura confusão.
Sem dizer nada,
ela saiu para o meio das árvores, batendo os pés.
Precisava dar
uma volta para espairecer.
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Quando Mulan
voltou de sua caminhada para o acampamento improvisado, todos já haviam
acordado e estavam agitados.
Liam fazia um
check-in com Niall e Zayn. Como o grupo de Louis era maior, ficou combinado que
ele levaria a bolsa mágica com todos os apetrechos que precisavam. Por isso,
com a manta de Mulan, o fazendeiro improvisara uma trouxa com:
- Comida?
- Para pelo
menos cinco dias, Liam. – Respondeu Niall.
- Cobertores?
- Aqui. –
Zayn.
- Água
corrente?
- Aqui.
- Corda?
- Aqui.
- Líquido
destruidor?
- Está no seu
bolso.
- Ah, é mesmo.
Livro?
- Aqui.
- Mapa
convencional?
- Confere.
- Ah, Sr.
Gandalf? – Liam gritou. – Não acha melhor levar o rastreador de orcruxes com
vocês? Afinal, nós só iremos atrás de Sméagol e...
- Não se
preocupe. – O mago respondeu. – Levem o rastreador com vocês. Nós levaremos o
mapa e a bússola. Será suficiente para encontrar o que desejarmos.
- O.k., então.
Parece que temos tudo aqui. Já podemos ir. – Anunciou Niall.
Nesse momento
uma tensão pairou no ar. Era a primeira vez que eles se separariam desde que
haviam se conhecido. Ninguém se sentia confortável com a situação.
- Então... –
Começou Louis.
- Pessoal! –
Harry foi para o meio do acampamento, para tentar motivar a todos. – Isso não é
um adeus! Nós vamos fazer o que é necessário e nos reencontraremos em breve!
Não nos abalaremos. Já passamos por muita coisa para desistirmos! Nada vai nos
deter, a não ser a morte! Então vamos lá, ânimo!
- Palavras
reconfortantes, Harry. – Zayn comentou. – Se não nos reencontrarmos, vocês já
sabem que fomos detidos pela morte. – Ele alfinetou Harry mais uma vez,
irônico.
- Blá, blá,
blá... – Harry retrucou.
- Você está
muito animadinho hoje, Harry. Algum motivo especial? – Liam perguntou, olhando
para Mulan de esguelha.
Ela mexeu os
lábios: “Eu te mato”.
Harry apenas
respondeu:
- Eu estou sempre
animado e feliz, até porque... Quem não gostaria de ser eu?
Todos reviraram
os olhos, e uma sequência de apertos de mão que viraram longos abraços
aconteceu.
Quando Mulan e
Liam se abraçaram, ela sussurrou no ouvido do melhor amigo:
- Se cuida,
Liam. Nos vemos em breve.
Ele afastou o
rosto, olhou bem fundo nos olhos da chinesa e respondeu:
- Eu me preocuparia
mais com você. – Ele olhou para Harry, deu uma risadinha e piscou para Mulan.
Ela bateu nele
e Liam se afastou, rindo.
- Au revoir, mes
amis. – Niall acenou para todos, enquanto Zayn pegava o espelho.
- Sméagol. –
Falou o gato de botas, e a imagem da criatura apareceu na superfície do objeto.
- Chegou a
hora. – Liam disse, enfiando a mão na superfície do espelho, fazendo com que
ele se expandisse.
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- Ai, Niall,
você tinha mesmo que passar no espelho junto comigo? Ficou muito apertado e eu
quase perdi meu dedão! – Liam disse, irritado.
- Ah, pare de
choramingar! – Falou o loiro.
- Não briguem –
Zayn interferiu ao passar pelo portal, que se fechou logo em seguida e voltou a
ser um espelho comum e pequeno.
- Onde
estamos? – Niall.
- Parece que ainda
é um pedaço de floresta. – Liam.
- Ei, parem de falar! Sméagol está por aqui!
Se ele nos ouvir, já era!
Eles então
ficaram em silêncio. Quase ao mesmo tempo, puderam ouvir uma voz sussurrante não
muito longe, que dizia:
- Meu precioso...
Liam olhou para os dois
amigos.
- O que fazemos agora?
- Não faço a menor ideia. –
Zayn.
- Eu tenho um plano. – Niall
sorriu. – Liam, pegue um pouco de pão na nossa trouxa e me dê. – Liam obedeceu.
– Agora, encontre Sméagol e não o perca de vista. Espere meu sinal. Zayn, você
vem comigo. Vamos ver se o gato de botas sustenta sua reputação.
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Liam localizou Sméagol e se
posicionou atrás de alguns arbustos enquanto observava a criatura falar com o
anel e... com mais alguém além dele.
- Precioso... A gente te acha tão bonito... Tão brilhante...
Ninguém vai tirar você da gente, não...
O fazendeiro precisou
engolir o nojo que sentiu naquele momento ao se lembrar de que Sméagol ficara
daquela forma por ter sido consumido pela maldade do anel. Era repugnante, mas
também assustador.
Liam começou a sentir
algumas cócegas no nariz. “O que está acontecendo?”, pensou. A coceira aumentou
e ele começou a sentir uma terrivelmente forte vontade de espirrar.
“Ah, não!”, Ele pensou
quando percebeu o que estava causando a coceira. ”Arbustos de azevinho!”.
Liam era alérgico a azevinho.
E, por isso, ele não conseguiu conter um espirro.
- ATCHIM!
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Sméagol poderia ser tudo,
mas não era surdo, e estava próximo o suficiente de Liam para ouvir o espirro.
A criatura olhou em volta e
viu as folhas de um arbusto próximo se mexendo levemente. Com um sorriso
diabólico e quase prazeroso, ele pegou uma faca de caça que estava ao seu lado,
e que Liam não havia percebido que estava ali.
- Acho que hoje a gente vai
fazer um banquete, precioso... – A voz
dele era de deleite, apesar de estar super baixa.
Sméagol se aproximou daquele
arbusto de azevinho vagarosamente, com cautela. Quando achou que já encurralara
a sua vítima, ele saltou sobre as folhas, gritando, mas caiu do outro lado,
batendo a cabeça no chão.
A criatura se levantou
rapidamente, olhando em volta. Ele tinha certeza de que ouvira algo ali,
deveria haver alguém! Não era possível!
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Liam só tivera tempo de se
desviar alguns centímetros para o lado, atrás de um tronco. Se ele se mexesse
demais, Sméagol o ouviria. Mesmo que ainda estivesse invisível, a repugnante
criatura poderia vê-lo, pois não era inteiramente má, o que contestava.
O fazendeiro carregava sua
espada, mas tirá-la da bainha também faria um barulho que poderia chamar a
atenção. Não havia escolha. Ele teria que esperar e torcer para não ser
encontrado.
Sméagol começou a procurar
em todos os cantos, se afastando um pouco de Liam. Foi quando este ouviu um
barulho. A princípio, o fazendeiro pensou se tratar de uma coruja.
“Corujas em plena luz do
dia?”, pensou.
Mas então ouviu o barulho
novamente.
“Niall?” – Ele se inclinou
para o lado de onde viera o barulho, e viu Niall acenando para ele de onde
Sméagol estivera alguns minutos antes. Ele chamava Liam com a mão, atiçando-o a
correr naquela direção.
“O quê? Ele quer que eu saia
do meu esconderijo?”, Liam não conseguia acreditar. Mas confiava em Niall acima
de tudo, então a próxima coisa que ele fez foi quase letal.
Liam saiu correndo de trás
da árvore, passou pelo arbusto de azevinho e correu até Niall. Os dois se
esconderam enquanto Sméagol voltava correndo, ao ouvir os barulhos das folhas e
das pisadas de Liam no chão.
- Agora você não escapa da
gente! – Ele exclamou.
Contudo, ao retornar ao
local de onde saíra, Sméagol não encontrou alguém, mas sim, algo.
- O que é isso? – Ele se
abaixou, pegando pequenas migalhas de pão no chão. – Ah! – Ele riu diabolicamente.
– Você não é tão esperto como a gente, não... Você deixou rastros... – A criatura
começou a seguir as migalhas de pão, que faziam uma pequena trilha adiante.
Ele continuou seu caminho
até ver, não muito longe, um pedaço de pão quase inteiro, onde a trilha
terminava. Sméagol riu.
- Ah, esse fugitivo pensa
que a gente é bobo, mas a gente não é, não... A gente sabe que aquilo é uma
armadilha.
- É, e nós sabíamos que
pensaria isso. – A voz de Zayn ecoou de repente de cima de uma árvore próxima,
enquanto seus braços puxavam uma corda.
Nesse instante, um círculo
de corda que estava escondido sob a folhagem da floresta evidenciou-se enquanto
diminuía até prender-se ao pé de Sméagol e levantá-lo a uma altura de dois
metros.
- Ah! – Ele gritou, enquanto
era puxado.
- Bom trabalho, Niall! –
Liam disse enquanto os dois caminhavam até Sméagol. – Como sabia que ele não
iria até o pão?
- Qual é? Você cairia
nessa? Ninguém mais cai hoje em dia. –
Riu o loiro. – Por isso posicionei a corda um pouco antes.
- Se afastem de mim! – A criatura
berrou enquanto atiçava sua faca de caça para um lado e para outro.
Como resposta, Zayn fez com
que a corda balançasse violentamente. O anel e a faca escorregaram da mão de
Sméagol com o impacto.
– Não! Precioso, precioso!
- Bom, - Zayn amarrou a
corda que segurava Sméagol em um galho e desceu da árvore. – Acho que já temos
o que queríamos. Ele disse enquanto pegava o anel e apontava para o peito de
Liam, no qual o localizador de orcruxes brilhava intensamente.
- Não! Devolve pra gente,
por favor!
- Sem chance, amiguinho... –
Niall falou.
- E agora, o que fazemos com
ele? – Zayn olhou para Sméagol.
- Eu tenho uma
ideia. – Disse Liam. – Mas, primeiro... - Ele pegou o líquido destruidor de
orcruxes de seu bolso e o anel da mão de Zayn e, delicadamente, pingou um pouco
da poção sobre o objeto.
Automaticamente,
eles foram envolvidos por uma fumaça negra que asfixiava. Contudo, dois
segundos depois, a fumaça desapareceu da mesma forma que surgiu.
- *Cof, *cof,
deu certo? – Niall perguntou.
Liam olhou
para o medalhão em seu peito. Ele não brilhava mais.
- Deu
certíssimo.
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Oi, gente! E aí, tudo bem?
O que acharam do cap?
O próximo vai estar repleto de fortes emoções.
Continuo com seis comments.
Bjs J
Continua
ResponderExcluirAI MEU DEUS
ResponderExcluirEsse sonho do Louis acabou comigo!!!!
Vc tem qeu continuar logo!!!1
Eupreciso ver o que o Louis vai fazer para salvar a Els, pq vc falou que ele não pode usar o líquido e tals....
Oh shit
continua logo
Ah Meu Deus acabei d ler e tipo amei mto perfeito e A-L-E-L-U-I-A ainda bm que eles conseguiram pegar o Smeagol e destruir a orcrux do anel hahaha e eu tbm preciso saber oq o Louis vai fazer pra salvar a Els
ResponderExcluircontinua logo :)
Continuaaaaaa
ResponderExcluirAmei
ResponderExcluirPerfeito
ResponderExcluir